Um termo bastante utilizado, mas que na verdade o correto a se pronunciar é “UM PESO, DUAS MEDIDAS”. Frase do filósofo Sócrates, que traduz a ação de tratar uns com justiça e outros com injustiça, numa mesma situação.
No dia 26 de maio de 2010, como imagino que todos já saibam, o delegado Cleyton Leão Chaves foi morto por tiros á queima roupa, á princípio supostamente por bandidos de facção criminal ligadas ao tráfico na cidade de Camaçari. Apesar de a polícia afirmar que se tratou de crime com intenção de roubo. O delegado tinha 35 anos de idade e se destacava por sua ação intensiva e dura contra o tráfico de drogas em uma das cidades mais violentas da Região Metropolitana de Salvador.
Pois bem. Acho que qualquer pessoa com o mínimo de amor no coração se sensibilizou com o caso, assim como eu, ficamos com um pouco – mesmo que só por indignação – da dor da perda que a família sente, pois, o crime foi brutal mesmo.
Mas sem querer ser insensível – e já sei que alguns vão pensar que estou sendo – vou agora me ater a alguns fatos que considero relevantes.
Antes de tudo a pura inocência ou deslize do delegado em parar num local com índice de violência, assaltos e mortes bem alto. Isso é bem normal para um cidadão comum, (digo comum, abaixo explico) alguém que não tem noção de perigo. Não para um homem na qualidade de delegado, sabendo que ali acontecem diversos crimes.
Agora vamos ás especulações. Digo especulações porque apesar da polícia e do nosso secretário de segurança afirmarem á imprensa que o caso está concluído, pra mim não passa de especulação. Eu estou sendo bonzinho em dizer especulação, “achismo”. Pois, prenderam três pessoas “acusadas” de cometer o crime, mas até hoje não se apontou, entre outras coisas, quem foi dos três que efetuou os disparos. O mais impressionante foi à rapidez com que a polícia se articulou para encontrar os bandidos. Em menos de 12 horas, após o crime, foram capturados dois dos três acusados.
Que orgulho da nossa polícia hein!!!
Bandido é tudo igual? Não. Mas é bandido, então serve.
Cidadão de bem é tudo igual? Claro que também não. O delegado não é uma pessoa comum. (Lembra lá em cima?) Pois se fosse, com certeza o caso não seria “resolvido”, “concluído” com a rapidez e a “eficácia” (êta quanta aspas) que foi tratado.
Há, e os policiais civis que estavam em greve? Todo mundo colocou o rabinho entre as pernas e foram ralar. Em nome desse tipo de justiça imediata, que interessa muito a alguns, até greve pára.
Queremos Justiça!!! Queremos Justiça!!! Queremos Justiça!!! Para delegados mortos, vale ressaltar.
Você já foi assaltado? Seu veiculo já foi furtado? Roubado? Você já foi seqüestrado? Pois eu já. E não passei por coisa pior em vida, até hoje. O curioso é que tenho todos os B.Os. ainda guardadinhos mas não vi ninguém ser preso pelos crimes que cometeram contra mim. Não com a rapidez com que a nossa grande polícia baiana utilizou no caso do delegado. Aliás, acho que nem sem rapidez.
E os casos sem solução há anos? E quando você é assaltado, perde seu carro e nunca mais consegue encontrar? E quando entram em sua casa, te espancam e te roubam? E quando entram no seu estabelecimento comercial, levam tudo dos seus clientes e o delegado “de plantão” saiu pra jantar com a esposa?
E quando...? E quando...? E quando...?
Será que nesses casos “especiais” é mais fácil pegar os bandidos ou a solução é que tem que ser e imediata, a qualquer custo? Para o bem de alguns e da instituição.
Na verdade, pessoas comuns como nós não podem contar muito com o tratamento especial ou pelo menos eficaz de qualquer órgão público, pois vivemos mesmo num país onde o “DOIS PESOS, DUAS MEDIDAS” impera. Opa, o certo é: “UM PESO, DUAS MEDIDAS”, segundo meu amigo Sócrates.
Será que Sócrates era especial ou comum?
Até quando...? Até quando...? Até quando...?
Angelo Novaes